CRÔNICA - Dar de comer aos bichos
As codornas ficavam num canto do quintal, entre duas paredes. Uma gaiolinha quadrada. Ali se encolhiam uma sobre a outra, sempre muito quietinhas, vez ou outra é que faziam algum barulho. O som da codorna é muito discreto. É difícil descrevê-lo. Não é escandaloso como o cacarejar das galinhas ou o grasnar dos patos. Aliás, é bom lembrar que as codornas não cacarejam nem grasnam. As codornas trilham ou piam. O trilhar é como um sininho, som agudo, leve. Davam muito ovo. Era impressionante. Mais ovo que as galinhas. Certa vez, decidi fritar em vez de cozinhar. Um ovinho frito, um miniovo, uma beleza. As galinhas, se me lembro bem, davam pouco ovo. Na verdade, confesso que não me lembro de nenhum ovo de galinha. Acho que criávamos mal aqueles galináceos. Talvez não lhes déssemos ração suficiente, talvez as tirássemos do sério. Galinha mal humora...