SE NÃO É AGUDA, É CRÔNICA
O primeiro
livro de Fernando Sabino era um livrinho de contos intitulado Os grilos não cantam mais. Fernando
tinha apenas 19 anos, e já prometia ser o grande escritor que foi. Isso Mario
de Andrade confirmou em cartas. Parte da crítica, no entanto, questionou se, em
vez de contos, aquela compilação não seria de crônicas. Mario, muito astuto,
respondeu: "Conto é o que o autor chama de conto". Ele destacava,
assim, que os limites entre uma crônica e um conto
são tão tênues que não há um critério que não seja exterior ao texto.
Costumo pensar que a crônica mistura
a ficção com a realidade: o leitor nunca sabe o que é real ali. Por isso, em
geral as crônicas são publicadas em jornais. É claro que a minha definição pode
parecer insuficiente: por que um conto não poderia também misturar a ficção com
a realidade? É que a crônica assume isso, desde o início. O real e a ficção são
enigmas. O conto não necessariamente assume esse compromisso.
Mas a melhor resposta à questão
"o que é uma crônica?" talvez tenha sido dada por Rubem Braga:
— Se não é aguda, é crônica.
São Paulo,
13-3-2019
Rubem Braga, Fernando Sabino e sua mulher Lygia Marina. foto: Acervo/Arquivo Roberto Seljan Braga. Cadernos de Literatura. Rubem Braga. nº 26, IMS, maio de 2011. |
Piso facto
ResponderExcluirNo meu caso é sempre crônica!
ExcluirLiteratura nao cabe em classificações. Ela navega, doida, bateâu îvre, além, ainda bem. Poderíamos falar do Cronos, do fato situado num recorte de tempo e do tempo mais distendido do conto e de seus personagens mais densos, planos ou redondos rsrs... Mas isso tudo é lero lero porque a literatura é incontida. Ainda bem.
ResponderExcluir