O poeta, tradutor e crítico literário Anderson Lucarezi comentou a respeito do 'Enciclopédia de História Natural, contos'

Com relação à primeira parte, embora você tenha dito ter restrições referentes ao primeiro conto, a estrutura tripartite da narrativa tem seu valor; cria modulações e busca mesclar perspectivas.

Achei "Os brincos de Maura Lopes" e "O sumiço do papagaio" muito presos à dimensão puramente anedótica, ainda que eu tenha gostado da cena na qual as mulheres estão jantando enquanto os brincos tilintam nas orelhas, pois vi forças imagética e sonora ali.

Creio que na "Resenha às Crônicas de Sidéria" o livro começa a crescer no que diz respeito às experiências ficcionais. Algo ali me remeteu a  histórias do Borges, como , por exemplo, "A Biblioteca de Babel". Inicialmente achei que o conto estava atrelado demais a alguma ilustração de conceito filosófico, mas numa segunda leitura essa impressão se dissipou.

A segunda parte do livro, "Bestiário", no entanto, é, pra mim, onde estão os contos que me despertaram mais interesse. Eu, aliás, já havia comentado com você que havia gostado deles, na ocasião na qual você os publicou on-line.

"A ferida", "O boi" e "Os restos" foram aqueles de que mais gostei, pois vão além da trama, isto é, não se limitam a informar uma anedota de maneira bem escrita. Em vez disso, seguem outras vertentes da ficcionalização, colocando outras coisas em jogo. Há mescla de descrição com sensações e "notas" de ensaísmo, por exemplo.


Anderson Lucarezi é autor de Réquiem (poesia, Patuá), Constelário (poesia, Patuá), Paisagens substantivas (poesia, Córrego), além de ter traduzido Gravuras japonesas, de John Gould Fletcher.





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