Comentário do poeta Benedito Bergamo, autor de 'Cadáver Crônico', a 'Uma mesa de tamanho normal e outros contos do tamanho do bilhete do suicida'
Olhando mais demoradamente entre os espaços e a ordem que espera um acontecimento na diagramação e posição de cada palavra na página impressa, percebo que a forma da prosa criada permite a poesia que surge ou que conduz os movimentos. Penso isso por conta de:
“ ...O homem era só perplexidade...
Outra trovejada e começa o toró...
A luz apaga e acende...
Mais raios e trovões...
Entra água pela vidraça...
O homem está vermelho, apoplético” (p.16)
Uma intenção de descrição de cenas por versos poéticos curtos ou simplesmente a utilização de frases curtas para retratar um cenário por partes numa sequência de movimento?
As narrativas que constroem uma atmosfera poética não são atributos de todos os contos.
Outro é o “Coração fora do peito” (p.72/73), pois, a partir de “ Ó Deus, onde está Madalena?", segue um poema em prosa (minha leitura) até o fim.
“Acima da página” p. 85 – poesia pura! Lindo.
Não sou leitor habitual de contos, mas posso dizer que a organização do seu livro oferece uma satisfação de leitura de cada conto e essa satisfação provoca o interesse por se envolver em outro conto, segundo o que estou ou vou degustar e que está colocado à disposição sobre a mesa de tamanho normal (o adjetivo “normal” da mesa, no título, me pareceu ironia rs).
Na região do prato principal, à disposição: contos de carne, vida e morte sem sentimentalismos ou julgamentos e com sabor de “tem mais”.
Penso que o tempo de leitura de cada conto é um atrativo marcante no livro.
Parabéns pelo imaginário esboçado claramente nos contos.
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