Resenha a 'Canteiro de obras', por Anderson Lucarezi

Recebi o novo livro do Eliakim, Canteiro de Obras, em que uma reflexão sobre a feitura da poesia parte do olhar sobre o trabalho manual pesado, como o do serralheiro e o do pintor de paredes. Acho a correspondência pertinente, já que a escritura, à semelhança da música, da pintura, do desenho e da escultura, se materializa por meio das mãos em um ato ritual/artesanal/industrial. Se em Polióptico, seu primeiro livro, Eliakim destacou o ato de ver, neste novo trabalho outro sentido ganha preponderância: o tato. "Amolar", "limar", "compor", "esticar" - todas ações que se realizam por meio das mãos, assim como, ao menos no final do processo, "escrever".

O que percebo nesta obra é um trabalho rigoroso de dedicação à escrita. Seguirei vendo como Eliakim continuará lidando com a escritura e com os impasses que o diálogo com a poética cabralina apresentou a ele; impasses, esses, aos quais ele já busca responder, trazendo para sua poesia sua experiência pessoal de filósofo. Vida longa e muita saúde, Eliakim, meu amigo! Sigamos escrevendo!



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