Crônica: MANUAL DE COMO LIDAR COM A MORTE DE UM GRANDE AMOR
Eu me apaixonei por ela em A Paixão de Ana, disputando seu amor com um casal que não se
entendia. Éramos um quadrado amoroso. Pedi a mão dela em casamento em Morangos Silvestres. Ela recusou. Era
jovem, tinha amigos, uma vida inteira pela frente. Reencontrei-a comprometida
com um loiro enorme em O sétimo selo.
O homem usava uma armadura, deveria ter uns dois metros de altura, parecia um viking. Por mais que eu quisesse fazer um escarcéu, envergonhá-los na frente dos
outros, chamá-la de loira bruaca, chamá-lo de monstro das alturas, recuei: é
que o homem já estava para morrer e não tinha mais nada a perder. (Nunca ofenda
um homem que não tem mais nada a perder.) Quando eu a vi em Persona, senti que de algum modo
tínhamos reatado. O que não significava muito, nem para mim, nem para ela. No
fundo, eu nunca tinha desistido dela. Ela, assim que me viu pela primeira vez,
desistiu de mim. Adeus, Bibi, descanse em paz.
(A
propósito da morte de Bibi Andersson.)
São Paulo,
14-4-2019
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