4 poemas de 'Canteiro de obras' (Versos em Cantos, 2020)
Prefácio APOESIA § 1 . Uma poesia sem poesia, chã: que faz cair na terra o nume, que torne o nome um nada: mate toda palavra, inative qualquer verbo: seja silêncio, muda como é muda a terra, morta e feia como o bramido, e asfixiada como lama. § 2 . Se leva o único nome que sobeja — poesia —, é porque pó, não suspenso, imune ao vento: não aguenta o próprio peso — pó de construção civil que pese mais que um prumo, mas sem aprumar nem aprumar-se. Pó que, peso morto, entorte um prédio, um viaduto, asfixie o bronquítico leitor que se o põe a ler. Método A ORDEM § 1. Pôr assim, termo a termo, um como que ajuntado ao outro: como se cresse (em silêncio) que esse ajuntamento fosse adjunto à ordem de um fosso: o mundo. § 2. Juntar nisto aqui como se junta toda a gente para a foto, ou, fio a fio, os dent