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Mostrando postagens de dezembro, 2019

AO LONGO DO RIO: JOÃO CABRAL E TRÊS POEMAS DO CAPIBARIBE, de Alexandre Koji Shiguehara

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O poeta João Cabral de Melo Neto (que daqui a poucos dias completará cem anos) define, em um ensaio intitulado "Da função moderna da poesia", duas vertentes ou duas águas através das quais escreve: por um lado, uma vertente "participante", por outro, uma vertente da "investigação formal". Ambas as águas, escreve Alexandre Shiguehara, "são duas formas de conceber a comunicabilidade da po esia". Nisso o poeta se punha em posição quase oposta à da poesia moderna, que, ao exacerbar o vetor da 'expressão', teria negligenciado, do ponto de vista do poeta pernambucano, a contraparte indispensável da 'comunicação'. A questão que se coloca é como essas vertentes determinam a poesia de João Cabral. Em que essa poesia participante contribui, por exemplo, com a poesia da investigação formal (a "poesia-poesia", na expressão de Haroldo de Campos) e como uma se relaciona com a outra. Parece-me que é esse o problema que Alexandre

Conto e crônica em 'Jornal Discurso sem Método'

Fico feliz de ver publicados um conto e uma crônica na edição de novembro de 2019 do 'Jornal Discurso sem Método', organizado pelo Centro Acadêmico de Filosofia da USP. O conto é "Corno também perde a majestade" e a crônica é "Gabar a égua antes de subir o morro". Fico feliz especialmente pela crônica, da qual gosto muito. Confiram lá: https://issuu.com/caf_usp/docs/jornal_canonico_v4__1_

Polióptico: crítica de Felipe Lopes

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Polióptico Felipe Lopes          Alguns poemas são como perfume, um deleite, um enfeite, um adorno. Outros são como música, com tempo marcado, a forma regular. Mas nenhum destes encontramos no Polióptico de Eliakim Ferreira Oliveira. Estes poemas não podem ser lidos sem dificuldade, como se o caminho da leitura estivesse cheio de pedras. As pedras do poema são o impedimento do seguir suave. Nelas se vê a exigência de que, a cada momento, quase a cada palavra, deva-se parar, refletir, olhar onde pisa. De vez em quando se encontra uma rima, um ritmo, mas se dá de forma tão espontânea como uma flor colorida na natureza ainda não modificada pelo humano.             O estilo é comprometido com a concretude. As palavras usadas são os substantivos concretos: o olho, o osso, os óculos, o coração. Os adjetivos, quando aparecem, têm uma função apenas subsidiária. A matéria do poema é o fato, o bruto, o minério não lapidado. A obsessão é encontrar a coisa mesma, até questionar se a c